Introdução
Esta atividade pode ser utilizada com os alunos do ensino
médio no final do estudo de eletromagnetismo. Este estudo pode
se tornar algo muito marcante, quando ele tem contato com este experimento
e consegue entender todos os fenômenos envolvidos.
Normalmente, iniciamos o estudo do eletromagnetismo pela eletricidade,
mostrando para o aluno a corrente elétrica gerada pela pilha. Todo
estudo da eletricidade é baseada nessa idéia da produção
da corrente elétrica.
Esta é uma atividade que vai mostrar ao aluno como podemos gerar
energia elétrica sem a presença da pilha ou bateria e serve
para despertar idéias sobre o meio ambiente, além de apresentar
um princípio fundamental da física.
Este experimento se baseia na realização prática
que o grande físico inglês Michael Faraday fez por volta
de 1830, onde conseguiu obter correntes elétricas a partir de campos
magnéticos. O objetivo agora é levar o aluno também
a essa descoberta.
Pré-requisitos
Para atingir os objetivos com esta experiência, ela
deve ser aplicada após os alunos já terem estudado corrente
elétrica, o comportamento da bússola, campos magnéticos
e que campos magnéticos podem ser produzidos por correntes elétricas.
É importante que ele saiba que a agulha da bússola "enxerga"
um campo magnético. Este conhecimento serve para levar o aluno
a acreditar na proposição inversa: um campo magnético
deve gerar uma corrente elétrica.
Objetivo principal desta atividade:
Obter corrente elétrica a partir da variação
do campo magnético.
Conteúdos envolvidos
Circuito fechado, comportamento da bússola, corrente
elétrica induzida, variação do campo magnético,
corrente alternada.
Materiais necessários
- aproximadamente 8 metros de fio condutor esmaltado (número
25)*
- ímã em forma de barra
- bússola
- fita crepe para fixar o experimento
Devemos ter cuidado na compra do fio, que é conhecido como "fio
de motor".
Objetivos conceituais
O fenômeno do estabelecimento de uma corrente elétrica
em um circuito a partir de feitos magnéticos é denominada
indução eletromagnética e a corrente que é
estabelecida recebe o nome de corrente induzida.
É esperado que o aluno perceba que podemos gerar uma corrente instantânea,
a corrente elétrica induzida, quando movimentamos um ímã
no interior de uma das bobinas do circuito e que esta corrente induzida
é gerada pela variação da intensidade do campo magnético
nessa bobina.
O aluno deve perceber que o sentido da corrente induzida depende do sentido
da movimentação do ímã na bobina, e podemos
conhecê-lo usando da "regra da mão direita".
Objetivo específico
O aluno pode elaborar um relatório em folha sulfite
contendo todas as observações, conclusões e reflexões
sobre este experimento e ele ainda pode pesquisar outros assuntos relacionados
como:
- as conseqüências e importâncias desse momento do desenvolvimento
científico para a humanidade;
- como funciona cada tipo de usina (hidroelétrica, nuclear e termoelétrica),
destacando a forma de energia que é transformada em energia elétrica;
- os tipos de usinas são utilizadas em nosso país para gerar
energia elétrica, qual é o impacto ambiental de cada uma
delas e onde se localizam;
O objetivo deste trabalho é levar o aluno a elaborar
um relatório experimental e também que ele tenha oportunidade
para fazer leituras de textos, em que faça uma reflexão
sobre as consequências de cada tipo de usina em uso no Brasil.
Concepção do aluno
O aluno não imagina que exista uma relação
entre a eletricidade e o magnetismo e não pensa que podemos gerar
corrente elétrica com campo magnético.
Procedimento experimental
1ª parte: Montagem do experimento
Primeiramente raspar as extremidades do fio.
Enrolar 2,5m para fazer a 1ª bobina, não deixando muito apertado,
nos três dedos da mão, conforme figura abaixo, medir 1,5m
do fio para manter as bobinas separadas e depois enrolar mais 2,5m de
fio para fazer a 2ª bobina novamente nos três dedos.
A distância dos três dedos é suficiente para encaixar
a bússola em uma das bobinas e na 2ª bobina para movimentar
o ímã.
Devemos conectar as duas extremidades do fio para formar o circuito fechado.
As bobinas são feitas de várias espiras unidas, elas devem
ter uma forma circular de tamanho suficiente para que se possa colocar
a bússola no seu interior em uma delas e um ímã de
barra na outra. O grande número de espiras unidas serve para aumentar
o efeito que vamos observar. É importante não esquecer de
raspar o esmalte das extremidades do fio condutor para fazer bem o contato,
conforme figura abaixo, de modo que feche o circuito.
2ª parte: Realização do experimento
Professor, use este experimento como demonstração,
fazendo a discussão com apenas três ou quatro alunos observando
o que acontece com o experimento e faça a classe participar com
a observação destes alunos.
Procure fixar o circuito na mesa do professor
usando fita crepe. Esse procedimento é importante para realizar
o experimento com tranqüilidade e garantia de uma boa observação
do efeito pelos alunos, através do movimento da agulha da bússola.
Devemos usar o ímã bem distante da bússola, para
que o campo magnético do ímã não seja percebido
pela bússola. Afaste ao máximo as duas espiras. Não
se esqueça de deixar 1,5m de distância entre as bobinas.
Encaixar a bússola perpendicularmente (**) em relação
à 1ª bobina, isto é, com a agulha na mesma direção
do eixo da bobina, conforme figura abaixo. É uma informação
muito importante neste experimento, pois a agulha da bússola vai
sofrer um desvio quando existir corrente elétrica.
A movimentação da agulha da bússola vai acontecer
quando existir campo magnético ao redor do fio. O sentido da agulha
vai indicar o sentido desse campo magnético. A posição
da agulha da bússola vai ser de um ponto tangente a linha desse
campo magnético.

A montagem sobre a mesa do professor é
a seguinte: fixe o circuito com as duas bobinas sobre a mesa com o fio
bem esticado, de modo que as bobinas fiquem bem afastadas, coloque a bússola
em uma das bobinas, conforme figura abaixo:

Depois de feita a montagem, chame os alunos para observar
o experimento. Seria interessante o seguinte procedimento com eles:
Primeiro momento: "Olhando para a montagem do experimento"
Peça para um dos alunos descrever a montagem que está sobre
a mesa para explicar aos colegas que estão sentados na sala.
Segundo momento: "Lembrar dos pontos importantes"
O professor pode escrever na lousa as seguintes perguntas:
Como podemos saber que passa corrente elétrica num fio?
A bússola serve para perceber se existe corrente elétrica
num fio? Por que?
O que deve acontecer com a agulha da bússola quando tem corrente
elétrica no fio?
É importante que os alunos tenham clareza nestas respostas para
que o experimento seja significativo.
Terceiro momento: "Observação
do efeito"
O professor deve movimentar o ímã no interior da 2ª
bobina, fazendo o movimento de entrar e sair da bobina rapidamente por
repetidas vezes, conforme figura abaixo:

Perguntar aos alunos:
O que acontece com a agulha da bússola?
Porque a agulha da bússola muda de direção quando
movimentamos o ímã?
Quarto momento: Aprofundando o conhecimento
O que gerou a corrente elétrica?
Qual o sentido da corrente?
O que acontece quando aumentamos o número de espiras da bobina?
Porque construímos um circuito onde temos o cuidado de deixar 1,5
m de distância de uma bobina da outra?
Dicas importantes
*A justificativa do comprimento do fio é
para que não ocorra interferência da variação
do campo magnético provocado pela movimentação do
ímã de uma bobina na outra onde se encontra a bússola,
que vai sofrer apenas a interferência do campo magnético
gerado pela corrente induzida.
**A agulha da bússola tem que ser colocada numa direção,
de modo que "sinta" a presença do campo magnético
criado pela corrente elétrica induzida que passa pelas espiras
na bobina.
Como o aluno recebe o experimento
Esta é uma experiência muito
significativa no estudo do eletromagnetismo, mas para o aluno "enxergar"
o efeito, que é a corrente induzia e a importância da descoberta
de Faraday, é necessário que o professor, em suas aulas,
encaminhe as discussões de modo que leve o aluno a um encadeamento
de idéias e consiga valorizar o resultado encontrado nesta atividade.
O experimento funciona com facilidade, desde que o professor siga corretamente
os procedimentos, mas o efeito que provoca na agulha da bússola
são simples movimentos que pode sensibilizar o estudante que conhece
a bússola como um detector de campo magnético.
Conhecendo o experimento
Para observar o fenômeno da indução
magnética, a agulha da bússola deve ficar na posição
que fique alinhada com a espira da bobina, se ficasse na direção
do eixo da bobina nada seria observado. A segunda bobina constitui o condutor
que está no campo magnético produzido pelo ímã
de barra. Quando o ímã é movimentado rapidamente
no interior da bobina, a agulha da bússola sofre um desvio tendendo
a assumir a direção que coincide com o eixo da espira. Se
a bobina ao invés do imã for aproximada e afastada rapidamente
do ímã o mesmo desvio será observado.
Nesta experiência o fator importante no aparecimento de corrente
elétrica é um movimento relativo entre o circuito e o ímã.
Com efeito, o fato de se aproximar ou se afastar um do outro faz aparecer
a corrente elétrica, não importando se foi à bobina
ou o ímã que permaneceu parado.
Para evidenciar a passagem de corrente elétrica usamos a bússola
porque a corrente elétrica num condutor gera um campo magnético
e este desvia a agulha da bússola que na verdade é um ímã.
Esta corrente elétrica que aparece em consequência do movimento
de uma bobina num campo magnético ou vice-versa é chamada
de corrente induzida. Essa corrente é muito pequena para acender
uma pequena lâmpada.
O importante a destacar com relação à corrente elétrica
induzida é que ela aparece em virtude de um movimento relativo
entre a bobina e o ímã.
Lei de Lenz
Uma lei estabelecida pelo cientista alemão
H. Lenz, logo após a publicação dos trabalhos de
Faraday, permite a determinação do sentido da corrente induzida
em um circuito.
"O sentido da corrente induzida em um circuito é tal que o
campo magnético por ela tende a contrariar a variação
do fluxo magnético que lhe deu origem".
Para determinar o sentido da corrente induzida, podemos também
utilizar um recurso, que recebe o nome de regra da mão direita.
Essa regra é aplicada quando conhecemos os sentidos de duas grandezas
e queremos determinar o sentido de uma terceira grandeza, como vemos indicado
na figura I, onde aparece o vetor campo magnético, vetor velocidade
de deslocamento e vetor da força magnética que aparece nos
elétrons do fio; estas grandezas são ortogonais entre si.
Para aplicar essa regra usamos o polegar para indicar o sentido da força,
o dedo médio para indicar o sentido do campo magnético e
o dedo indicar para o sentido da velocidade da bobina.
Este é um recurso que pode ser utilizado para determinar, por exemplo,
o sentido da corrente elétrica na bobina, conforme indicado nas
figuras II e III, onde foi aplicada a regra da mão direita em quatro
pontos no desenho do círculo da bobina.
A corrente induzida muda de sentido, conforme acontece o movimento de
entrar e sair do ímã em relação a bobina,
o que podemos chamar de corrente alternada, diferentemente da corente
contínua que estudamos quando temos uma pilha ou bateria como gerador
da corrente elétrica.

Figura I - Indicação
da aplicação da regra da mão direita
Figura II - Em azul temos o círculo que indica a
bobina, no centro do desenho é representado o ímã.
Em vermelho temos a indicação do sentido da corrente induzida
( i ) quando é movimentada a bobina em relação ao
ímã. Neste caso, a bobina está saindo e o ímã
está parado, está indicação é feita
pela simbologia utilizada para indicar a velocidade da bobina, o ponto
dentro da bolinha representa a ponta da seta que indica a velocidade quando
bobina está ela está saindo do plano do desenho.

Figura III - Em azul temos o círculo que indica
a bobina, no centro em azul o ímã, em vermelho aparece a
indicação do sentido da corrente induzida ( i ) quando é
movimentada a bobina em relação ao ímã. Neste
caso a bobina está entrando e o ímã está parado,
está indicação é feita pela simbologia utilizada
para indicar a velocidade da bobina, o x dentro da bolinha representa
o final da seta quando está ela está entrando no plano do
desenho.
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