Cálculo das Órbitas Planetárias por Eng. Andrés Esteban de la Plaza
ÍNDICE:
1. REPRESENTAÇÃO DE VETORES
A posição de um ponto P
no espaço pode ser definida por um vetor posição
com origem num centro O de coordenadas ortogonais retangulares.
Definindo nesta terna xyz,
os versores (vetores unitários) dos eixos, obtemos
respectivamente : o versor
como versor da
direção x, o versor
como o versor da direção y, e o versor
como o versor da direção z.
Assim, qualquer vetor definido num destes eixos estará representado pelo produto
de um escalar igual ao módulo e do versor da direção
Þ .
Portanto, podemos decompor o vetor
em seus componentes ortogonais
,
e
no sistema de centro O:
( projeções de
nos eixos x, y, e z ) de forma que
.
Também podemos representar este vetor de forma matricial:
Porém esta não é única
representação possível para o ponto P. Podemos imaginar um
plano que contém o vetor
e o centro O, de maneira que, embora ainda continuemos no
espaço tridimensional, a representação de
é feita num plano,
entretanto, este plano será um plano complexo ou seja, o eixo x
será real, e o eixo y será imaginário, ou seja:
A vantagem de procedermos assim está dada pela possibilidade
de representarmos um número complexo na sua forma exponencial, como um vetor. Ë
fácil observar que se definimos o versor
para a direção x, então a direção de r
estará definida por um versor
tal que
onde
, logo:
de forma que:
que é a expressão do raio vetor em coordenadas polares.
2. ACELERAÇÃO EM COORDENADAS POLARES
Podemos agora proceder a derivar
respeito de tempo para
encontrar a aceleração. Porém antes vamos calcular a derivada
respeito do tempo de
, pois é
uma função de q, ou seja que
=
(q):
vamos calcular então a primeira derivada de
, ou seja
:
vamos calcular agora a segunda derivada de
, ou seja
:
onde:
3. FORÇAS CENTRAIS E GRAVITAÇÃO
Inicialmente vamos deduzir as fórmulas que determinam as trajetórias dos corpos que se encontram sujeitos à atração de forças centrais, no caso particular da a lei da gravitação universal, ou seja
Onde o ponto m está submetido à força :
é o versor (vetor unitário)
da direção de
e:
t = tempo
MS = massa corpo central m = massa objeto
A resolução deste problema deve proporcionar as seguintes funções:
As expressões para a aceleração em função das componentes normal e radial da aceleração são:
Mas nos sistemas de forças centrais sabemos que a aceleração normal é nula Þ an=0, portanto a aceleração será:
e lembrando que a equação diferencial geral do movimento central neste caso é:
4. RESOLUÇÃO DA EQUAÇÃO DIFERENCIAL DO PROBLEMA
A equação diferencial geral do problema pode ser decomposta em duas particulares:
temos então:
mar =
man=
então a equação diferencial que temos que resolver será:
[1]
porém não conhecemos as relações
, mas lembrando da equaçã
o [2] obtemos que:
an = 0
Þ
ou seja
entretanto
De
podemos obter
, ou seja:
fazendo passagem de términos na [2 a] obtemos:
integrando agora a [3]:
portanto Þ
que não é outra coisa senão a velocidade areolar do ponto m na sua trajetória, como podemos observar na figura 2:
"os planetas varrem áreas iguais em tempos iguais" .
A área do triângulo será:
Vamos fazer agora algumas considerações energéticas. Para isto definimos:
Logo, para resolver a equação diferencial [1] , já temos o valor
porém falta conhecermos o valor de
. Para isto, e voltando agora
à aceleração radial:
observamos que
Agora, substituímos [6] e [4] na eq. diferencial [5] e obtemos então:
Fazendo e
substituindo, chegamos a uma equação diferencial [7] de
fácil resolução:
[7]
A solução geral da equação [7] compõe-se de
duas soluções; a solução homogênea
que provém de resolver
, e a solução particular
.
introduzindo agora as constantes
e
de forma que:
chegamos a
de forma que
operando chegamos a
ou seja
[8]
que obviamente corresponde à equação de uma cônica (Figura 3), cuja fórmula geral é:
[8aa]
ou seja que:
[8 a]
5. CONSIDERAÇÕES PARA AS ÓRBITAS ELÍPTICAS
Os parâmetros da elipse na Figura 4 são:
a: semi-eixo maior
b: semi-eixo menor
c=a2-b2
e: excentricidade = c/a
f: distância focal =
A: área da elipse =
pab=
T: período para uma revolução
A equação da elipse em coordenadas cartesianas é: |
A equação da elipse em coordenadas polares é: |
|
|
A velocidade com que o raio vetor r varre a área da órbita vale:
se agora integramos a [9] no tempo T obteremos a superfície total A:
agora vamos isolar T:
agora vamos a calcular T2 lembrando que
, ou seja:
[10]
porém para o sistema solar, Ms=massa solar,
a=distância média do planeta ao sol, T=seu período de
revolução. Olhando a eq. [10] é óbvio que a quantidade
é uma constante para todos os
planetas do sistema solar. Assim temos que
onde os subíndices 1,2, representam os diferentes planetas.
Tal é a 3a. Lei de Kepler: "Os quadrados dos períodos
de revolução dos planetas são inversamente proporcionais às
distâncias medias do sol".
6. CÁLCULO DA POSIÇÃO NA ÓRBITA ELÍPTICA
Até agora descobrimos a função r=r(q), de forma que sabemos qual será o tipo de curva descrita pelo ponto m porém, falta conhecermos qual a função que determina as variações de q em função do tempo t, isto é, a função q =q(t). Vamos desvendar o mistério...
Sabemos que para a elipse, em coordenadas polares, a posição do ponto de massa m está definida pela relação r( q ), porém não conhecemos a dependência dos parâmetros r e q em função do tempo t. Vamos deduzi-las então:
a velocidade areolar é:
portanto, após ter descrito um ângulo q na trajetória, em um tempo t, o ponto m terá varrido a área A q que será a resultante de integrarmos:
porém para termos os limites de integração em função de q :
e eliminando
:
portanto [11]
Substituindo
na integral acima e
multiplicando por 2, temos:
então
porém para a elipse Þ
e < 1 Þ
e2 < 1 logo a solução da
será:
logo
[12]
Esta fórmula é muito bonita porém, o resultado obtido é o inverso que desejávamos, na verdade nós queríamos q =q (t) e acabamos obtendo t=f(q ). É fácil observar que despejar q nos leva a uma equação muito complexa, ou seja, devemos encontrar outro método.
Introduzimos agora uma quantidade auxiliar E denominada anomalia excêntrica, que cumpre
a seguinte condição:
[12a]
que eqüivale a dizer que
então introduzindo a [12a] na [12], temos:
[13]
entretanto se pode demonstrar que para a quantidade auxiliar E introduzida:
substituindo esta última na [13] chegamos a:
logo
[14]
[15]
para o planeta Terra Þ
T=Tt e at= 1 ua (unidade
astronômica),
Þ
logo para um planeta qualquer com T, a, temos (aplicando [10]) que:
[16]
e substituindo a [16] na [15] obtemos:
ou seja que a [14] fica:
[17]
Esta última fórmula é básica, pois é a empregada no cálculo das efemérides.
As seguintes denominações são as usuais:
q
= anomalia verdadeira [radianos] =
[18]
E = anomalia excêntrica =
[radianos]
a = distancia média ao sol [ua] (unidades astronômicas)
n = movimento diurno médio =
[radianos/dia]
n = k
onde k=constante de Gauss =
[18a]
M = anomalia média = n Dt [19]
logo as fórmulas reduzem-se a:
sendo t = tempo após passo pelo periélio, em dias.
TT = ano trópico = 365.256374 dias
O processo de cálculo se reduz a determinar a anomalia média M [19], e de posse desta procedermos a calcular a anomalia excêntrica E que satisfaz a equação de Kepler [20], logo calculamos q segundo a [18]. Com q calculamos r , o que determina a posição do ponto m na órbita. A resolução da Equação de Kepler é realizada por iterações sucessivas, de forma que o algoritmo de cálculo é o seguinte:
D
t=T-T0 onde T0 e a data da última passagem pelo
periélio
a = distância média ao sol
Nota: Normalmente o tempo da passagem T0 está dado em dias Julianos JD, de forma que a data de calcula também está em dias julianos e o cálculo de D t se reduz apenas a encontrar a diferença (em dias julianos) entre T e T0.
O diagrama de fluxo do algoritmo é:
Vamos fazer um exemplo de aplicação: caso Júpiter
a = 5.208174 ua ; e = 0.049284
T = 2450896.510556 dj =24 Março 1998
T0 = 2446966.84378 dj =24 Junho 1987 (periélio)
D t = 3929.666776 dj
n = 0.00144728573606
M = n D t = 5.687350672374 radianos ( =325°.861190138)
E=M= 5.687350672374
E1=M+e senE= 5.659692503366
E1-E= -0.0276581690088
E=E1= 5.659692503366
E1=M+e senE=5.658575010
E1-E=-0.001117493
E=E1=5.658575010
E1=M+e senE=5.658530316
E1-E=-0.000044694
E=E1=5.688530316
E1=M+e senE=5.658528529
E1-E=-0.000001787
E=E1=5.658528529
e como senE =
=-0.584818898 Þ
<0 Þ estamos no IV quadrante!
= -0.654082984
q = 2p + q 0 = 2p + (-0.654082984) = 5.629102324 radianos = 322° .5238
logo
= 4.999964739 ua
Segundo a efemérides, para a data 24/03/1998, a anomalia média vale 325° 33¢35 ² , a distância ao sol é 5.00079 ua. Comparando com nossos valores, nossa anomalia média foi 325° 51¢40² , e a distância 4.999964739 ua (uma diferença de 0.016%). Vale a pena lembrar que na data da passagem pelo periélio existia uma imprecisão quanto a hora, se a tivéssemos sabido, a diferença seria ainda menor! Também, se considerarmos que Júpiter dá uma volta em 11.86 anos, desde o periélio até a data de cálculo passaram-se 10.758 anos, ou seja um pouquinho menos de 1 revolução, o que concorda com nossos cálculos.
Após conhecermos a posição na órbita, e sabendo os parâmetros orbitais (i: inclinação da órbita respeito da eclíptica, W : longitude do nodo ascendente e w : argumento do periélio) podemos passar das coordenadas polares para as retangulares (coordenadas heliocêntricas orbitais), para as heliocêntricas eclípticas, e conhecendo a posição da Terra (em coordenadas heliocêntricas eclípticas, a diferença nos dá o vetor Terra-Júpiter, ou seja as coordenadas geocêntricas eclípticas de Júpiter, então apenas falta uma última passagem, para as coordenadas geocêntricas equatoriais ( r: distância Terra-Júpiter , a: ascensão reta, d: declinação). Tais cálculos efetuam-se empregando matrizes e análise vetorial (fórmulas de Euler).
Para facilitar o cômputo da anomalia verdadeira e a determinação do quadrante em questão, talvez resulte mais útil o emprego das seguintes fórmulas, lembrando que a fórmula:
retorna o argumento q
no seu valor principal, ou seja q
0, no I e IV quadrantes.
Assim:
cosq = 0 sen q > 0 q = q0Þ q 0 = 90°
cosq = 0 sen q < 0 q = q 0Þq 0 = 270°
cosq > 0 sen q > 0 q = q 0Þq 0 > 0° 0 ° < q < 90°
cosq < 0 sen q > 0 q = 180° + q0 Þ q 0 < 0° 90° < q < 180°
cosq < 0 sen q < 0 q = 180° + q0Þ q 0 > 0° 180 ° < q < 270°
cos q > 0 sen q < 0 q = 360° + q 0 Þq 0 < 0° 270 ° < q < 360°
Também, na hora dos cálculos, devemos observar o seguinte:
onde IP representa a função que nos dá
a parte inteira do argumento contido.
Vejamos um exemplo:
Se
M = 9.28 radianos = 531°
.7048339, então
Mcálculo{rad} = [ (9.28/2p ) - IP(9.28/2p)]2p = [1.4769579 - 1]2p =
= [0.4769579]2 p = 2.9968147 rad
Mcálculo { °} = [ (531° .7048339/360°) - IP(531.7048339/360 °)]360° = [ 1.4769579 - 1]360° =
= [0.4769579] 360 ° = 171° .7048339
7. CONSIDERAÇÕES SOBRE A CONSTANTE DE GAUSS, O MOVIMENTO DIURNO MÉDIO E A FÓRMULA DE KEPLER
Dada a equação [14] :
, e como:
M = E - sen(E) =
Aelipse = p
ab = p
= 2At
(sendo At a área varrida até o
instante t )
resulta que a equação [14] eqüivale a:
[20a]
que encontramos foi a expressão do dobro da área orbital varrida em um tempo t desde o periélio. Por outro lado, se na eq. [20a] isolamos M obtemos a eq. [20aa], logo podemos derivar a eq. [20aa]:
[20aa]
Þ
[20aaa]
Prestando
atenção na equação [20aa] vemos que o quociente
não é outra coisa
senão a expressão em forma de % da área varrida respeito
da área total; porém, M é um ângulo dependente
dp tempo t, de forma que o produto 2p
.% dá um ângulo proporcional à área varrida, ou seja ao
tempo t. Isto faz pensar num movimento circular. Na eq. [20aaa] verificamos
a proporcionalidade entre o tempo t do movimento circular e a área
varrida At (pois a velocidade angular é constante na
circunferência), ou seja, se falamos de um setor circular varrido em um
tempo t igual a 25% do período T obtemos 25% da
área do círculo, então o ângulo do setor será
25%.2p
= p/4 radianos ou 25%.360
° = 90°
. Estas considerações levam a pensar que talvez M esteja
relacionado com algum tipo de circunferência auxiliar; ou seja, a
órbita e circular e a velocidade angular é constante. Quando
tratarmos da Equação de Kepler veremos que esta idéia
é absolutamente válida.
Analisemos agora as dimensões da constante
L/m. O momento da quantidade de movimento [L] tem
a dimensão {}, a
massa [m] ={
}, de forma que a
dimensão do quociente {L/m} é {m2/s}, que
multiplicado pelo tempo t nos dá uma superfície. Isto resulta
bastante claro se observamos o membro direito da equação [14], onde o
único fator não adimensional é o semi-eixo maior da órbita
a elevado ao quadrado. Ë claro que pouco interessa se a está
em metros ou unidades astronômicas, a superfície será sempre
{m2} ou {ua2}.
Examinando agora a equação de
Kepler, seja na sua forma dada pela equação [17], segundo a qual:
, ou na sua forma dada
pela equação [20], segundo a qual: M = E - sen
(E) , vemos que não existe fator dimensional, exceto o valor 2
p
, que está expressado em radianos, ou como já vimos antes, em graus
sexagesimais (não esquecer que para operar no lado direito da expressão
devemos trabalhar em radianos!).
Ë interessante entender o que significa a constante de Gauss:
Vamos igualar a eq. [14]:
, com a [20]: n
Dt = E - sen(E), para
isto tomamos a eq. [14] e isolamos E - sen(E), de modo que
agora temos:
E - sen(E) =
comparando esta última com a eq. [20] chegamos a:
ou seja:
[21]
porém da eq. [8 a]:
deduzimos que :
então:
, de forma que introduzindo este valor
na equação [21] temos:
[22]
[23]
por outro lado, da equação [10]:
de forma que temos:
, portanto a
equação [22] do movimento diurno médio fica
da seguinte forma:
ou seja: [24]
do qual:
[25]
portanto, uma maneira de encontrar k e utilizar os valores de a e T terrestres, de forma que se a = 1 ua, e T = TT, (atenção que para qualquer outro planeta, k se calcula pela [25]),então:
[26]
tal como foi feito na [18a] quando introduzimos a constante de Gauss.
Calculemos então o valor de k segundo a eq. [23], para isto devemos passar as unidades de [G]
= {
} para {
}, ou seja que se G [
] = 6.67 10-11
então:
G [
] = 6.67 10-11
(1ua/1.495979 1011 m)
3 (86400 s/dia)2 =
G [
] = 1.4872 10-34
e como MS = 1.991 1030 kg
então: Þk =
= 0.0172076
» 0.0172
o que concorda com o valor introduzido pela equação [26] pois:
=
2p / 365.2564 dia = 0.017202
Resumindo:
Quando resolvemos a equação [12], introduzimos o
parâmetro E tal que se cumpria a relação dada pela
equação [12a] : .
Resta perguntar agora o que a eq. [12a] significa.
Vamos dar uma olhada na Figura 6:
Nesta figura observamos o sol, dado pelo ponto S, a posição do planeta, dado pelo ponto P, na sua órbita elíptica de periélio SQ¸excentricidade e, e dimensões orbitais a e b. Agora traçamos uma órbita circular de raio a e centro O, que obviamente não coincide com S, nesta órbita circular temos um planeta imaginário, de idênticas caraterísticas a P, denominado P’. Este planeta P’ tem o mesmo período orbital T que P porém, movimenta-se com velocidade angular uniforme (já que a órbita é circular). Resulta evidente que a velocidade angular do planeta P’ vale 2p /T, mas isto não é outra coisa senão o movimento diurno médio do planeta P.
A posição do planeta P em coordenadas polares de centro S está definida pela anomalia verdadeira (q ), e o raio vetor (r). A posição do planeta P em coordenadas polares de centro O(excêntrico respeito de S) está definida pela anomalia excêntrica (E), e o raio vetor (a).
Vamos demonstrar agora a correspondência
entre as posições de P e P’ tal como mostradas na Figura 6.
Analisando a figura observamos que a componente horizontal do raio vetor a de
P’, vale acosE. Este valor é igual à
distância c + x, mas c = ae, e x = rcos
q. Lembrando que r vale
(elipse com o centro de coordenadas
polares centrado no foco direito), então podemos dizer que:
. Após operarmos nesta
igualdade podemos encontrar o valor de cosE, ou seja:
[27]
Lembrando das
funções trigonométricas que
, podemos introduzir a
equação [27] nesta última, de forma que:
que é precisamente a equação [12a], tal como queríamos demonstrar. Agora sabemos o real significado do conceito anomalia excêntrica.
8. CÁLCULO DE ÓRBITAS NÃO ELÍPTICAS: ÓRBITAS PARABÓLICAS E HIPERBÓLICAS
Quando chegamos à equação [8aa] que nos dava a fórmula geral da cônica, continuamos nosso raciocínio assumindo que 0 < e < 1, logo, para chegar até a equação de Kepler, introduzimos o valor de r n? cálculo da integral dada pela equação [11]. Para o caso das órbitas parabólicas, sabemos que e = 1, porém vamos refazer a integração da [11] considerando a equação da parábola (que resulta de introduzir e=1 na eq. [8aa]).
Vejamos a Figura 7: a distância focal
SQ do sol à passagem pelo periélio, foi chamada de f;
a excentricidade da elipse vale e = 1, assim colocando estes
dados na equação [8aa]: ,
chegamos a equação da órbita parabólica:
. Agora, apenas por uma questão
de nomenclatura, denominamos à distância focal f de q,
ou seja q = f.
Portanto a equação da parábola é:
[28]
Agora vamos
fazer a integração: ,
introduzindo o valor de r dado pela eq. [28].
porém como
então:
isolando agora o termo das tangentes:
ou seja que:
[29]
equação análoga a [17] no sentido que na sua resolução obtemos o valor de q.
Neste caso temos que resolver uma equação cúbica em tan(q/2). Pode-se demonstrar que esta equação tem uma raiz real (a que nos interessa) e duas imaginárias. Existem bastantes métodos de resolução. Propomos o Método de Newton, que diz: Se x0 é um valor aproximado da raiz da função f(x)=0 então como aproximação mais exata se toma
Substituindo agora x1 por x0 obtemos
uma melhor aproximação x2.
Logo, para nosso problema (resolução da equação [29]):
logo:
ou seja
[29a]
Este valor será iterado até que f( Ei ) » 0 , por exemplo até que ½ f( Ei ) ½ = 10-8.
Neste caso se procede como no anterior, lembrando que se e
> 1 então pois segundo a
definição na hipérbole, c > a Þ
f = c - a Þ
(1+e)f = (1+e)(e-1)a = a(e2-1), logo:
então:
Vamos agora fazer algumas considerações a respeito das funções trigonométricas hiperbólicas, para isto tomamos o fator dentro do logaritmo natural na equação [30]:
e se
então temos que:
podemos agora calcular o valor de senh(E), ou seja:
logo se deduz que
assim, introduzindo as equações [31] e [32] na equação [30] obtemos:
[33]
lembrando agora que na equação geral das cônicas [8], o numerador representa o parâmetro p que vale (1+e)f, então, de acordo com a eq. [8a] obtemos, como principio geral para as órbitas cônicas:
porém na
definição inicial de hipérbole tínhamos visto que
, ou seja que:
de forma que introduzindo a eq. [34] na equação [33]:
e como a = q / (e-1) para a hipérbole, então a eq. [35]:
[36]
Equação parecida a obtida no cálculo das órbitas elípticas, neste caso a resolução da eq. [36] é idêntico ao da equação [17] ou [20], ou seja:
E = e senh(E) - M
M = n.t
n = onde